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Pés na Terra, Cabeça na lua

Para ler e sentir.

Pés na Terra, Cabeça na lua

Para ler e sentir.

O dia em que a Vénus conheceu Neptuno

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O dia em que Vénus conheceu NeptunoFluiam as águas escuras de escorpião, à saída do pântano governado por Plutão, e lá estava Vénus. Sem saber para onde ir. Buscava purificação.

Naquela escuridão Vénus viu uma luz brilhante vinda de longe. Ela não fazia ideia o que seria, era um mistério, mas era hora de abandonar o já tão confortável e húmido pântano. Vénus começou a seguir a luz. Era uma luz cristalina. Esbranquiçada. À medida que Vénus caminhava na sua direção, esta tornava-se mais forte. Sem saber realmente o caminho, Vénus seguiu os sinais. Até que encontrou um portal triangular, branco perolado, brilhante. Vénus entrou e de repente sentiu-se a ser transportada para o que lhe parecia ser outra dimensão!

Quando os rodopios pararam e Vénus se recompôs novamente, deu por si num lugar novo. Não era o escuro e húmido tão familiar pântano... era um lugar refrescante, com tanta água que parecia não acabar, e areia branca. Tinha uma energia limpa, fresca, quase mágica.

Mal chegou ali Vénus sentiu algo que nunca tinha sentido. Uma paz, uma tranquilidade, uma leveza. Tudo era uma novidade. Foram anos à espera deste momento - na verdade, quase uma vida. E cá estava ela. Vénus foi provar a água, molhando os seus pés de donzela. Era mais fria do que no pântano. No entanto era límpida e cristalina. Conseguia caminhar pelas águas sem se enterrar. E quando a provou, percebeu que era salgada.

"Uau, que lugar!" Pensou Vénus em voz alta.

À distância, vindo dos mares, começa a surgir um vulto. Uma figura masculina. Era pojante - grande e musculado. Do pouco que conseguia ver, em termos de silhueta, assemelhava-se a Plutão. Mas à medida que caminhava e se aproximava, notava-se uma calma diferente. Tinha um ar sonhador e leve. Nada a ver com o ar pesado e intenso de Plutão.

Neptuno caminhava, e ao aproximar-se de Vénus dirigiu-se a ela com um sorriso no rosto. "Olá estranha. Senti que alguém ia chegar, e quando te vi brilhar à distância, soube que eras tu. Qual é o teu nome?"Vénus ficou sem jeito. Estava habituada à má disposição e ao peso de Plutão e ao ver este ser tão belo, leve e sorridente, Vénus ficou sem saber como reagir. Apenas disse "sou a Vénus. E tu?" "Eu sou Neptuno"Na verdade já tinha ouvido falar sobre Neptuno. Naquelas histórias de amor distantes que se contam durante a infância. Vénus tinha passado a sua vida toda a idealizar com Neptuno. Era um sonho seu conhecê-lo. Encaixava perfeitamente na sua fantasia de amor a dois.Quando Vénus nasceu foi-lhe dito que uma das suas missões era expressar um amor romântico. Um amor a dois. As outras missões consistiam em usufruir da sua beleza e cultivar o seu amor por si, conhecer e definir os seus valores e crenças e aprender a relacionar-se com outros seres fora do pântano de Plutão. E aqui estava o candidato perfeito para a fantasia de Vénus!Depois do entusiasmo inicial, a conversa entre os dois surgiu e fluiu. As horas passaram e a magia não desaparecia. Vénus estava encantada. Neptuno era o seu sonho tornado realidade. Era um sonhador, intuitivo, espiritual, criativo, muito doce e sensível.

Vénus sentia tantas semelhanças entre ambos, e isso inspirava-a ainda mais. Mas havia algo a separá-los. As realidades de ambos eram bem diferentes. Enquanto que Vénus passava muito tempo no pântano em trabalhos internos com o seu mentor Plutão, Neptuno expressava-se por esses mares fora. Ajudava os outros seres marinhos e cuidava deles, cantava para (e com) as sereias, cuidava dos pescadores e de todos aqueles que se aproximavam dos seus mares.

Neptuno tinha uma vida preenchida. Tinha muitos mares para cuidar e muito amor para dar. E o seu amor, era universal. Havia um bocadinho para todos os seres que quisessem beber da sua água.

Para Vénus isto apresentava-se como um problema. Ela admirava imenso e achava que isso o tornava ainda mais mágico e especial, mas destruía as suas ilusões. Já não podiam ser Vénus e Neptuno, o par romântico.

Isto porque Neptuno tinha sido incumbido com o dom do amor incondicional. Um amor infinito que chegava para todos. E não seria justo bloquear o seu fluxo entregando-o a uma só Deusa. Então Neptuno distribuía por todas as Deusas, Deuses, e todos os seres que se aproximassem de si.Ao mesmo tempo que isto a entristecia por saber que não poderia ser o seu par, Vénus admirava e achava belo e inspirador.

Sentiu que tinha vindo até esta praia, até este território Neptuniano para aprender algo. E assim foi. Vénus aceitou a magia desta conexão, a inspiração, o exemplo dado por Neptuno. E trocaram tanto. Vénus aprendeu a vibrar uma oitava acima no amor. Conheceu o amor incondicional de Neptuno, o seu mundo de sonhos e ilusões que também ela reconhecia em si.

Verdade seja dita, quando Vénus regressou ao pântano, vinha purificada. Trazia no seu coração um pouco do amor incondicional de Neptuno, um pouco dos seus sonhos, da sua inspiração, da sua intuição. Até Plutão se admirou!

Já Neptuno, esse ficou nos seus mares e também guardou Vénus no seu coração infinito. Havia um espaço guardado para ela. Apesar de saber que não poderia dar-lhe o que ela queria, ele tinha uma grande admiração por ela. Era uma das suas Deusas preferidas (havia muitas!) e lembrava-se dela sempre que olhava para os céus. Pelo seu ar meio estelar e cósmico, e por saber que ela tinha vindo de uma estrela. Longínqua.

Este encontro marcou os dois Deuses para a eternidade. Sabiam ser irmãos de terras longínquas, e sabiam que estariam para sempre ligados. A presença física lado a lado não era possível porque cada um tinha a sua missão. Mas visitaram-se de tempos a tempos. E nos tempos em que não se visitavam e estavam distantes, sabiam que estavam sempre ligados. Por essa fonte de energia. O amor. Pois embora o expressassem de forma diferente, ambos o tinham bem presente.

 

 

Cri'atividade

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Criatividade. Cria atividade.

Citando o Priberam, Criatividade é:

"1. Capacidade de criarde inventar.

2. Qualidade de quem tem ideias originaisde quem é criativo.

3. [Linguística]  Capacidade que o falante de uma língua tem de criar novos enunciados sem que os tenha ouvido ou dito anteriormente.


"criatividade", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/criatividade"
 
Tão simples assim.
O ponto 1 confirma que a criatividade pode ser a criação da atividade. O dar um passo na direção dos nossos sonhos, agir, criar movimento, tudo isto é criatividade.
Pôr a energia em movimento é criatividade. 
Tentar algo novo, é criatividade.
Sair da zona de conforto, é criatividade.
 
Sinto que muitas vezes a criatividade é pintada como algo longínquo, só acessível a alguns. Aí já nos baseamos mais no que é dito no ponto 2 - que é uma qualidade de quem tem ideias originais.
Se quisermos falar em termos profissionais, talvez o seja, sim.
No entanto, a criatividade é muito mais do que isso... e faz sentido que esteja presente no nosso dia a dia.
Imaginar, sonhar, idealizar... Podem ser formas de estimular a criatividade. Mas é quando agimos que estamos a pô-la em prática.
Para se ser criativo não é preciso pintar quadros ou escrever contos. Posso aplicar a minha criatividade na forma como cozinho, tentando um prato novo, ou fazendo algo diferente que nunca fiz. Se a minha intuição me diz "vai àquele sítio", mesmo que eu não encontre imediatamente um motivo lógico (buscando a lógica, afasto-me da minha intuição...), se eu for estou a aplicar criatividade à minha vida. Estou a criar atividade.
Talvez a intuição seja o par energético da criatividade e andem de mãos dadas. 
Ela ajuda-nos a criar atividade.
E com ela fluímos na criatividade. :)
 
(Em relação à imagem... apeteceu-me!)
 
Diana Venusiana 
 
 

Engarrafamento Mental

 

Entorpecida emocionalmente estava eu,

Conduzia sozinha em estradas desertas...

Em que era apenas eu e as montanhas.

Até que dei por mim numa autoestrada...

Quando chegou a hora de pagar a portagem, não tinha trocos. 

Um estranho parou o carro e ofereceu-se para me ajudar.

Eu aceitei.

Disse-lhe que lhe pagaria assim que o voltasse a ver,

Ele disse que o fazia de coração e que sentia a minha gratidão.

Segui a viagem nessa autoestrada caótica,

Tanto movimento e eu só queria encostar-me à berma.

E deixar todos os carros passar,

Mas eles não paravam...

Só via mais e mais,

E não podia nem queria desistir.

Na autoestrada não se pode retroceder,

Só aguardar pela próxima saída.

Tive de ir em frente.

Até ao destino que eu nem sei qual será.

 

Só espero chegar a um porto seguro.

 

A minha odisseia do espaço.

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Era uma vez,

 

Uma história real. Envolvia espaço, barreiras, limites, imposições, restrições. A definição de Odisseia diz "1.Viagem cheia de aventuras e peripécias. 2. Série de acontecimentos anormais e variados.". Podemos considerar ambos. 

Esta odisseia começou há 28 anos atrás, em Lisboa. Tem sido uma viagem e pêras. De início foi bastante acessível. Todos os precalços foram facilmente ultrapassados, não houve desafios gigantes, e muitas das vezes a resposta foi a mesma. Andar para o lado como o caranguejo. O caminho mais fácil. Não gosta, não come - mas levanta da mesa e sai de fininho, dizendo que não tem fome e agradecendo a refeição. Ao invés de dizer "olha, não gosto, não quero comer isso". Podemos chamar-lhe respeito/educação/prudência/falta de firmeza/passividade. I don't know. É um não tanto ao mar nem tanto à terra. É uma máxima que pode ser útil por vezes mas que não deve ser levada tão a sério. Sim respeitar o outro, mas não te desrespeites a ti. Porque em coisas pequenas está tudo bem, e não tem mal ser "agradável" para não ferir susceptibilidades. Mas nas grandes coisas da vida deixa de ser certo. Nesta odisseia, o espaço é algo que tem sido aprendido e apreendido. 

Tudo começou com todo o espaço do mundo. O espaço era infinito, e era aceite, não havia necessidade de o demarcar porque cada um sabia o seu. Ao mesmo tempo, foi adiada a lição da sua partilha. Essa tinha um ponto de interrogação. Quando chegou o momento, houve um confronto. O espaço foi totalmente apreendido. Tal qual como nos ecossistemas, a espécie dominante apoderou-se do mesmo, enquanto que a espécie-chave por ter uma influência mais subtil, mudou-se para outros territórios. Novamente aí o caranguejo andou para o lado, sem mostrar as pinças.

A vida é feita de ciclos, e eles vão e vêm, é uma roda viva, uma roda da vida, um círculo sem fim. As lições voltam a nós de forma contínua até que sejam finalmente apreendidas e aprendidas, e portanto a história repetiu-se uma vez mais.

Nesta segunda volta, o espaço foi partilhado, as espécies estavam em sintonia, até que deixaram de estar. Houve uma reviravolta, e a espécie que outrora fora a espécie-chave tornou-se a espécie dominante. Marcou o seu espaço urinando à volta de todas as árvores, mostrando tratos passivo-agressivos para com a outra espécie. Não soube reclamar o seu espaço de forma diplomática e quebrou as pontes existentes. 

Como não há duas sem três, uma nova volta surgiu. Uma nova volta cheia de reviravoltas e twists, tal e qual como a vida é. "Boy meets girl, they fall in love, move in together, fall apart, break up, the end". Não foi nada disto.

A espécie-chave cedeu o seu espaço a outra espécie-chave e esta segunda espécie tornou-se dominante. Houve um retrocesso, a primeira espécie necessitou de encontrar um meio-termo e este ficou lost in translation. Uma lição foi aprendida e apreendida. Uma das definições de Espaço diz: "1.Área que está no intervalo entre limites.". Quando não há limites, a área que está no intervalo entre os mesmos torna-se inexistente. Fica apenas um "2.Lugar vazio que pode ser ocupado.".

Na vida e no dicionário, é importante compreendermos o significado das palavras e conceitos, mais do que saber decorá-los. E realmente isso só acontece mesmo quando os vivemos. Aí, a beleza da vida é abraçada, janelas fecham-se, portas abrem-se e aquilo que outrora vimos como limites, vemos agora como a linha do horizonte. Há sempre mais e mais.

 

The journey of beauty goes on.

 

Di

Observ-a-dor

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O observador, como o próprio nome indica, pode ser visto como aquele que Observa A Dor.

É uma tarefa difícil a do observador. Observar a dor sem se envolver com ela é um trabalho de risco. Porque na verdade, a dor é como aquele ser escultural, que transpira beleza e tem "perigo" escrito na testa. Aquele fruto proibido, que é e sempre será o mais apetecido. Então observá-la à distância sem nos deixarmos levar por ela é um verdadeiro bico-de-obra. Porque verdade seja dita: ela traz algum conforto, traz um sentimento de pertença, é familiar. Muitas vezes a sensação é quase como voltar a casa depois de uma longa jornada fora. A uma casa onde és recebido de braços abertos, com uma bela refeição, caminha e roupa lavada. Só que a refeição está envenenada, a cama tem percevejos e a roupa está comida por traças. Mas no momento é tudo aquilo que mais queremos depois de uma longa viagem a dormir em hostéis ou mesmo até no chão de uma qualquer tenda, a regressar de semanas de campismo selvagem. É reconfortante. E como observá-la sem querer abraçá-la, não é? Uma pessoa chega exausta, se calhar no caminho perdeu a carteira, o pneu do carro furou, eram um casal e decidiram separar-se... E como não abraçar a dor? Como observá-la sem proximidade, quando o que mais queremos é um abraço? E ali jaz ela, toda nua, de braços abertos... A dizer "anda cá, estou aqui para ti". Pois é. É um desafio mesmo. E não pensem que vim aqui dizer-vos para fazer isto ou aquilo. Não vim.

O meu intuito é a reflexão, apenas. Se a ideia fosse abraçarmos a dor, então diziamos "abraçador" em vez de observador não? Porque se calhar, a ideia é mesmo ficarmo-nos pela observação. Como quando vamos a um museu e contemplamos as obras de arte, fazemos os nossos juízos de valor, retiramos algo dali. Mas apenas contemplamos à distância.

E com esta me vou,

 

DI

SILÊNCIO

(não se vai cantar o Fado)

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Haverá tal patologia chamada de "falta de silêncio"? 

É que se houver, acho que sofro dela.

Descobri que o Silêncio é o melhor amigo que nem sabia que tinha. Durante muitos anos, a nossa relação não era a melhor (para não dizer péssima!). Eu evitava-o constantemente, e quando via que ele se estava a aproximar fazia por afastá-lo. Tudo porque ao crescer como filha única, convivi bastante com ele. Brincámos às escondidas, ao quarto escuro, à apanhada, e ele ganhava sempre. 

À medida que fui crescendo, e entrei na tão "caótica" adolescência, aprendi que era possível evitá-lo. E pronto, tanto o fiz que se tornou um hábito. Os anos foram passando e eu tirei partido dessa benesse (pensava eu). Estar sempre rodeada de pessoas e nunca estar sozinha, ver tv, ouvir música, frequentar sítios barulhentos, enfim, podia continuar a enumerar. A questão foi que no meio disto tudo, gastei também as fichas do barulho. Em tantos anos a conviver com barulho, este tornou-se ensurdecedor. Quase como se me estivessem a gritar aos ouvidos constantemente.

A máquina fez reset. Tal como as cobras, símbolo máximo da renovação, perdi a pele antiga e cresceu-me uma nova pele. Esta nova pele veio com um requisito, uma necessidade, o que lhe queiramos chamar. Para funcionar bem, o silêncio é necessário. 

Cada vez mais aprecio este querido silêncio. A ausência de ruído "desnecessário". É de uma paz incrível. Na cidade é difícil encontrar esta ausência de ruído. Há carros, ambulâncias, pessoas, toda uma azáfama e um chinfrim constantes.

E atenção porque quando falo de silêncio, é muito difícil estar completamente em silêncio, porque haverá sempre qualquer ruído. Mas por isso acrescento o "desnecessário". Porque o som dos pássaros, do vento, da chuva - tudo o que pertence à chamada Natureza - para mim é silêncio. É um ruído calmante, relaxante, que não perturba a minha paz.

E porque é que isto acontece? Porque é que sinto necessidade deste silêncio exterior? Talvez porque a minha mente é ruidosa, sim. Muitas vezes acontecem horas de ponta de pensamentos, há trânsito, há buzinas, há ambulâncias, há gritos e discussões. E nesses momentos sei que devo procurar o meu querido silêncio.

É verdade que ele deve vir de dentro para fora, sim. Mas por vezes, tendo-o cá fora, consigo trazê-lo para dentro.

E não pensem que é assim a toda a hora. Também sei conviver, também sei estar com pessoas e ter prazer nisso. Mas sabe bem depois poder ter esse silêncio para absorver toda a informação recebida e processá-la. Senão fica tudo a marinar nesta minha mente vibrante. 

E é curioso como tudo muda. Há alturas em que a minha mente está pacífica como um bosque, ouve-se o vento a bater nas árvores e o chilrear dos passarinhos. Já noutras parece que tenho Lisboa dentro de mim. É verdade que por vezes me sinto como um carro sem ar condicionado, numa daquelas filas da Costa da Caparica para regressar a Lisboa, num dia de verão, 40ºC a um fim de semana. Tenho tanta coisa cá dentro e não sei como expressá-la. 

É nessa hora que entra o silêncio: eu procuro-o, ele encontra-me, e juntos passamos momentos inesquecíveis. Quando nos despedimos, sei que nos voltaremos a ver em breve, mas trago comigo a certeza da clareza.

 

Love 

Di

Vulnerabilizo-me.

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Vulnerabilizo-me.

Dispo-me sem tirar a roupa física.

Tiro as minhas roupas mentais e fico nua. Eu e as minhas emoções. E o que elas me dizem. Ganho consciência. Sentimentos ocultos, escondidos debaixo de tapetes. Sentimentos que um dia estiveram em cima da mesa mas o tempo não era certo. Foram postos de parte, esquecidos, arrumados. Na verdade nunca os deitei fora. Apenas os exclui momentaneamente.

Como um vestido comprado para uma ocasião especial. Só que essa ocasião acaba por nunca chegar, e o vestido lá está, intacto no roupeiro à espera do momento certo. Até que um dia, olho para ele e apercebo-me do quanto ele me fica bem, e que estupidez que é tê-lo guardado quando poderia usá-lo e sentir-me bem. E nesse momento, esqueço-me dessa ideia da "ocasião especial" e visto-o para as saídas mais banais. Se calhar o momento certo não existe. Ou se calhar o momento certo é esse momento em que ganhamos consciência das coisas, e não ganhámos antes porque não era o momento certo. 

Aqui esse vestido são esses sentimentos. Os tais sentimentos e realizações, o ganhar consciência dos mesmos e aprender a lidar. Não vale a pena voltar a arrumá-los porque de tempos a tempos revisito-os. E cada vez que olho para eles vejo algo diferente. Vão ganhando definição, perdendo a abstração, porque eu acabo por aceitá-los. Aceito que não posso controlar. Fazem parte de algo superior. Do plano divino. Por isso mesmo, andam num vaivém até chegar o dia em que os abraço, aceito e decido lidar com eles. Integrá-los na minha nova realidade. No entanto, aceitá-los e integrá-los implica baixar a guarda, pôr de parte os egos, ter bem presentes a força e a coragem para lidar com este desconhecido, com estes pontos de interrogação e reticências. 

De momento sinto-me na torre. Numa torre em chamas onde já não consigo mais permanecer. Já estive aqui demasiado tempo. Já me sinto intoxicada pelo fumo, e estou prestes a perder os sentidos. Está na hora de saltar. Navegar por mares nunca antes navegados e pisar solos nunca antes pisados. Por outro lado, o conforto do conhecido e não tão agradável mas seguro, "ficar na mesma". Paragem. Indecisão. Dúvida. Questiono-me. Vezes e vezes sem conta. Ponho em causa A, B, C e D. Ganho certezas. Vejo medos. Estou quase a agir. Detenho-me por olhar para o passado. Não faço nada. Arrependo-me da minha inércia.

Dualidades? Sure. Polaridades? Yes. Nunca vais saber se não fizeres. Porquê procurar respostas no exterior, se as respostas estão dentro de nós?

.

.

.

Será que esse dia chegou? 

 

Di*

A Esperança é uma dança.

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A Esperança é uma dança,

e nenhuma dança se faz parado. Dançar requer movimento, vontade e energia. Não dá para dançar com os olhos.

Jeito, por exemplo, é algo que não é necessário. Apenas a vontade e a tal energia para pôr o corpo em movimento.

Existem muitas pessoas que dizem que não gostam de dançar. Talvez maioritariamente por sentirem que lhes falta jeito. Mas de certeza que em privado, naquele momento em que ninguém está a ver, já o fizeram. Em tom de celebração, ou apenas por a felicidade ou energia ser tanta, que é impossível estar parado. Em relação ao jeito, aquele que não vem naturalmente conquista-se com a prática. 

Onde entra a Esperança, nesta história e porque estou a compará-la a uma dança?

Ora bem:

Todos nós podemos ter Esperança. Está ao alcance de todos. Uns escolhem tê-la, outros não. Para alguns ela é mais fácil de alcançar do que para outros. Quase como se uns tivessem mais talento que outros. No entanto, ninguém está impedido de a ter. Tal como a dança, é algo que pode ser cultivado. Se todos os dias treinarmos, vai-se tornando cada vez mais natural. Até que flui.

Na verdade, tal como a dança, todos nós a temos em algum momento das nossas vidas. Enquanto que a dança surge nos momentos mais felizes, a Esperança surge nos momentos mais aflitivos. Pode ser também chamada de Fé. 

Um dia, numa situação problemática, disseram-me "A Esperança é a última a morrer". Nesse momento eu precisava mesmo dela e acreditei. E funcionou. Tive fé.

Em relação à dança, aquele que fecha os olhos e se deixa levar, sente-se quase a flutuar, dança melhor do que alguma vez imaginou. Percebe que afinal tinha um dançarino dentro de si. E tudo isto porque não tenta controlar, acredita que consegue e fá-lo através dos seus sentidos.

O mesmo em relação à Esperança. Aquele que fecha os olhos e se deixa levar, sente que a vida o leva, que lhe indica qual é o próximo passo e o guia numa bela dança. Acredita apenas, não tenta controlar. E fá-lo através dos seus sentidos.

...

E por hoje é tudo,

 

Love,

Di

A mudança está no SER

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Boa noite!

Nesta segunda feira, dia da lua, apeteceu-me partilhar convosco uma reflexão minha. Apeteceu-me reflectir sobre mudanças.

É um tópico que não me é nada estranho, na verdade. Sempre gostei de mudanças. E para ser honesta acho que sempre precisei delas. Sou aquele tipo de pessoa que precisa de estímulos, e que quando não recebo esses estímulos me sinto estagnada. Talvez até demais, não sei. Por isso nunca foi algo que receasse. No entanto, dentro do tema "mudanças" existem diferentes categorias. Existem mudanças de diversos estilos: pequenas ou grandes, radicais ou subtis, no exterior ou no interior. 

Não é mentira nenhuma que muito gente anda descontente com a sua vida, com a sua situação, ou com o mundo. Especialmente com o mundo, arrisco-me a dizer. Posso estar errada claro, e aceito isso.

No entanto, após muitas horas de reflexão e meditação ao longo destes últimos dois anos cheguei a uma conclusão. Uma conclusão que só veio confirmar aquilo que já me tinha sido dito, e que já tinha lido, e que tinha posto dentro da caixinha dos "clichês": a mudança começa de dentro para fora.

É verdade, é uma frase super clichê!!! E por isso pode ser muitas vezes subvalorizada e descredibilizada. Mas não podia ser mais verdade. Claro que podemos estar sempre dependentes das mudanças exteriores para alcançarmos a nossa felicidade, mas aí dificilmente encontraremos essa tal felicidade. Por conseguinte, acabamos por cair em loops de vitimismo e queixume, por culpar os outros, por culpar o mundo. É o que acontece quando dependemos demasiado do exterior. 

Mas a verdade é, que quando decidimos mudar alguma coisa, - seja um hábito, um padrão, ou algo que inconscientemente sabemos que temos de mudar - e nos comprometemos a isso, tudo começa a mudar. Nós mudamos, e a nossa realidade muda. Temos de ser nós a começar a mudança que queremos ver. Queres que o mundo se torne um lugar melhor, com mais respeito, e amor? Começa por fazê-lo contigo, cria esse mundo na tua realidade. E se todos fizermos isso, todos estamos a contribuir para essa mudança.

Um pequeno gesto muitas vezes pode ser o suficiente para causar um grande impacto. O Efeito Borboleta retrata isso mesmo: o bater das asas de uma borboleta aqui pode causar uma tempestade num outro lugar longínquo. Portanto, nada passa despercebido. Nenhum gesto é esquecido. E nunca é tarde para iniciar a mudança, ela nunca será em vão. E também não precisa de ser radical; as pequenas coisas já fazem a diferença. 

"(...) If we could change ourselves, the tendencies in the world would also change. As a man changes his own nature, so does the attitude of the world change towards him (...)" - Mahatma Gandhi

 

Love,

Di

Autenticidade e Aceitação

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Bom dia pessoas do bem 

 

Hoje venho falar sobre Autenticidade e Aceitação.

É uma temática bastante interessante. Estas duas palavrinhas estão muito ligadas, e por norma onde uma ia, a outra deveria acompanhar. 

Em primeiro lugar vem a Autenticidade.

Ora, que dizer sobre esta?

Hmmmm... fácil. Todos nós somos seres únicos. Iguais a nós próprios apenas. Na verdade, apesar de todos sermos um, não existe ninguém totalmente igual a ninguém - só na matéria. Haverá sempre algo que nos torna únicos, tanto na aparência, como na personalidade. É bom estarmos conectados com a nossa essência para podermos usufruir da mesma. A partir do momento em que me conheço, sei quais são as minhas qualidades e defeitos, sei o que me faz brilhar, e o que me faz esmorecer. 

Então, porque é que vejo tanta gente por aí a tentar ser o que não é? Tantas cópias e tão poucos originais? Caminho pelas redes sociais e vejo muita espiritualidade sim, mas muitas vezes sinto que não é autêntica. Os conteúdos acabam por ser muito semelhantes, muitas vezes quase em estilo cópia. Não tenho nada contra, atenção, só acho que todos temos a nossa essência, todos somos especiais, e todos temos algo a acrescentar. Porque não usar essa autenticidade como uma oportunidade? É ela que nos diferencia, e que nos torna especiais.

Muitas vezes isto está relacionado com um segundo tópico: Aceitação.

Existe algum medo de arriscar, medo de não ser aceite, medo de ser julgado que nos vai consumindo. Acabamos por ser escravos desse mesmo medo. E ele faz de nós aquilo que quer. Usa-nos como lhe apetece.

Esse medo de não ser aceite acaba por engolir a autenticidade e fazer dela seu alimento. Esse medo alimenta-se da autenticidade. Enquanto estivermos sob o seu "domínio", não conseguimos ser autênticos. Não conseguimos sair da zona de conforto. Só temos a capacidade de copiar aquilo que vemos que já sabemos que resulta. Existe uma voz interior demasiado audível que nos remete para a possibilidade de falhar, e de a nossa autenticidade ser uma piada por parte de outros.

Esta é uma luta bastante comum, sim. Até pela forma como a nossa sociedade foi evoluindo. Quase que premiava as cópias, a standardização e a banalidade em detrimento de tudo o que é original, diferente, autêntico. 

No entanto, tudo está a mudar. Estamos a entrar na Era de Aquário. Igualdade, fraternidade, autenticidade são alguns dos seus valores. 

Está na hora de usar a nossa própria voz e honrar a nossa própria essência. Agir em conformidade com ela. Aceitá-la, abraçá-la e amá-la. É hora de olhar para dentro, de trabalhar o autoconhecimento, expandi-lo.

"The truth will set you free" - And it will!

 

Love,

Di

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